segunda-feira, 7 de abril de 2008

Almas em corpos estranhos...

Há assuntos sobre os quais não se pensa até sermos confrontados com eles, há coisas que nos vão passando ao lado, não é de indiferença que falo, ou será? Desatenção? Bem, será qualquer coisa que não sei classificar!


Este fim-de-semana, a aqui a vizinhança teve o enorme prazer de conhecer “ao vivo e a cores” dois dos elementos de um blog, que felizmente a Viz Maria segue muito atentamente (eu já não posso dizer mesmo…), o “Fishspeakers”. Para mim, foi o primeiro contacto com uma realidade desconhecida, se bem que sempre encarada com descomplexo – a Transsexualidade!

De umas horas de agradável conversa, fica aqui o meu testemunho e o meu caderno reivindicativo:
- Direito à cidadania! Não se pode simplesmente “não existir” durante o processo de transformação física…porra, que haja um BI transitório, já com novo nome e género, não há direito de expor pessoas, sim pessoas, à “humilhação” durante anos!
- Direito à seriedade médico-clinica! Parece que os artistas reconstrutores plásticos deste país ainda brincam com coisas sérias! Continua a ser preciso ir para fora, custos enormes à mistura!
- Direito a um sistema judicial sério! Quantos cm de vagina penetrável são precisos para eu ser do género feminino? Quantos? E vão comprovar em exame “quantos dedos entram”? É o máximo, fantástico mesmo!!!

Na minha opinião, e como disse aos “peixinhos”, a transsexualidade está mal enquadrada no movimento associativo LGBT, a seriedade deste assunto perde-se, aos olhos de sociedade moralista, no “folclore colorido” dos travestis de paradas e de shows de gosto duvidoso, no “floreado” gay e na “camionagem” lésbica.

Seja como for, e apesar de tantas dificuldades e barreiras, lutem pela vossa identidade de género…pela vossa realização enquanto seres humanos. Tenho a certeza que a meta fará esquecer o peso do percurso! A felicidade é um direito e não um privilégio! E, pronto!



10 comentários:

Special K disse...

Dizes bem, a felicidade é um direito. Pena é que quem de direito não se aperceba disso.
Beijos

Marlene disse...

Eh pá! Escrevi um testamentozito e de repente o meu pc passou-se e perdi o que tinha escrito. Anyway, não vou voltar a escrevê-lo, opto por dizer apenas que esse mesmo blog é de uma importância extrema para mim na medida em que me abriu os olhos para uma realidade que me era completamente desconhecida. Desconhecida sim porque quando eu pensava que sabia tudo e quando tinha feito juizos e mandado bitaites sobre a transsexualidade, eis que me surgem diante dos olhos informações num blog, que me educaram e me confrontaram com uma realidade à qual sou agora muito sensível.
Pronto, era só para partilhar! :)

Viz disse...

minha amorjInha,
linda e doce, adorei o teu caderno reivencicativo, na mesma maneira que adorei:
1º a conversa com a ex.ma srª. drª peixona e o ex.mo sr. dr peixinho
2º os 4 pares de olhos com o brilho de ternura e sinceridade que se juntaram em cima daquela mesa de bejekas!
bjkas

Inha disse...

Special,
dizes tb tu mto bem...só já não sei quem é de direito ou não? por vezes penso que somos todos nós os bloqueadores do direito à felicidade dos outros...e fico bem assustada!

Marlene,
que bom teres aparecido! Olha, somos duas a termos feito uma descoberta que só nos enriquece! Lamento pelo teu texto perdido nas maluqueiras do pc, lol.

Viz Maria,
Obrigada pela tua sensibilidade e por me teres dado a oportunidade de ter feito este post. Que trapalhada com o caderno, lol. ;o)

Beijos a tod@s

Siona disse...

Eu e o sr. Duncan também gostamos ambos muito deste fim de tarde com as duas meninas, da conversa, da partilha, da descoberta, e das cervejas que nunca mais chegavam! ;) ;)

Obrigada por estes momentos especiais, onde também nós aprendemos, e um beijinho muito grande!

tagarelante disse...

ola ola.. fugindo ao tema do post.. tens uma espécie de desafio lá há da minha casa!..

:)

em alguem tinha que cair... sorry!..

Amélia Grimaldi disse...

Só prova que, apesar das maluqueiras, existe muita massa cinzenta para além dos disparates e piroseiras.
Devem existir regras numa sociedade, não contesto. Mas haver uma sociedade que não procura a felicidade das pessoas, é uma sociedade que não serve. E a nossa não procura a nossa felicidade. E desta vida é o que importa. Ser-se feliz, amar e ser amado. Por paixões, amigos, família, trabalho, animais, coisas...

Trureloo,
Amélia

Inha disse...

Siona,
Aguardamos as próximas cervejolas, com mais calor de preferência e já agora uns caracois..ou à falta, tremoços!! Eu vou a todas!

Tagarelante,
Já vou ver..é já a seguir!

Amélia,
Darling, a cabeça não serve só para gastar rios de dinheiro em cortes, penteados e colorações pirosas!lol. Era tudo tão mais fácil se a felicidade fosse o verdadeiro objectivo de uma sociedade..ai, ai!!*Suspiro*

Beijos

Anónimo disse...

"a seriedade deste assunto perde-se, aos olhos de sociedade moralista, no “folclore colorido” dos travestis de paradas e de shows de gosto duvidoso, no “floreado” gay e na “camionagem” lésbica."

conhecem a história da 1ª manifestação feminista em portugal?
"Ide" ver á net, ou à hemeroteca, pq é educativo, bonito, o papel dos media, empatar ou não empatar, sabotar ou ser neutro, etc...
No terreno, o parque ed VII, houve até um pequeno piquete, verdadeiramente dedidaco à causa do "não é assim que se luta", que inconscientemente (por não ser atacado) alinhava com a multidão machista agressiva.

Se fosse de agora, se calhar alinhavam-nas com os eufemios na classificação de terroristas (my god!)

Quando o assunto é este, ||não tirem os olhos da multidão|| para se transformarem em consumidores(!) de activismo. Tod@s os são, numa medida que vai do não se esconder ao actuar com os dentes todos. Civil-media-estado
há aqui recados, mas não directos. as estrelas.

Siona disse...

Rosa-que-fuma: a transsexualidade é identitária, não queer, e acho que é isso o pricipal do que a Inha quis dizer - e tem razão.
(lamentamos, mas não vimos de nascença com Kalashnikovs embutidas, we're, huh, boring!)

(save the world vs. coin and cleavage, presta atenção à resposta, as menos grandiosas andam sempre bem mais perto da verdade...)