Gajas juízo

A primeira vez foi em Roma, uma tarde de Agosto, na frente da Fontana di Trevi, como testemunhas uns trocos de escudos na agua.
A segunda vez foi em Lisboa, num passeio de Setembro, quando me mostrou pela primeira vez o oceano dos navegadores da minha infância, como testemunhas os meus sonhos.
A terceira vez foi em Veneza, durante a cerimonia de "una tazza di cappuccino" na Piazza San Marco, como testemunhas as mascaras do luar.
A quarta vez foi em Atenas, numa pequena capela ao pé de Acrópole durante a noite de Pascoa, com deus como testemunha.
A quinta vez foi em Paris, num passeio a Montmartre, como testemunhas os palhaços da praça.
A sexta vez foi em Santorini, durante o pôr de sol de Oia, como testemunha todo o azul do mar Egeu.
A sétima vez foi numa noite de Acid Rave na periferia de Londres, como testemunhas os leather-bears clientes.
A oitava vez foi em Vilamoura, durante um passeio de bicicleta, como testemunhas as flores do jardim (e resultado uma minha clamorosa queda).
A nona vez foi durante uma noitada em Madrid, como testemunha a nossa bebedeira.
A décima vez foi o ano passado durante a mudança de casa, como testemunhas as nossas coisas empacotadas e as paredes ainda vazias.

Dez vezes em dez anos. Nem sempre românticas e nem sempre em situações apropriadas, mas sempre, garanto-vos isso, com a minha plena honestidade e sinceridade.
Pedi-lhe em casamento dez vezes!
Dez vezes a resposta foi um seco "não".

Há uns dias atrás, no dia 21 de Junho, no dia do nosso décimo-primeiro aniversário, a ler as noticias do primeiro casamento gay num pais vizinho, perguntei-lhe em tom de pura brincadeira:
" Para o ano queres casar comigo nesta ilha?"

Então, não é que a gaja me responde imediatamente: "Sim, meu amor"!!!

SOS 1 - Urgente- Precisa-se descodificador da alma feminina.
SOS 2 - Prazo 1 ano- Precisa-se madrinh@.
SOS 3 - Já - Preciso de volta o meu juízo.